sábado, 14 de julho de 2012

[nzherald] entrevista Jonny Buckland (maio/2012)




Demorou alguns anos para se acostumar, mas o Coldplay está agora se sentindo completamente confortável na posição de uma das maiores bandas do mundo. “De modo geral, a gente está mais à vontade em relação ao que a gente é, de uma maneira que nunca tinha acontecido antes”, diz o guitarrista Jonny Buckland, em entrevista por telefone. Ele fala de Nova York; a banda vai tocar no Radio City Music Hall [casa de espetáculos], como parte de uma turnê global que vai levar a banda para a Nova Zelândia em novembro.
Buckland, acrescenta, com uma risada satisfeita e insolente: “A gente está dando menos atenção para as pessoas que não gostam da gente”.
Hoje em dia, não há como negar o poder de atração do Coldplay enquanto uma das poucas bandas a ter público garantido tocando em estádios. Não apenas eles estão fazendo shows maiores do que nunca, mas também têm colaborado com gente do escalão de Jay-Z, o magnata do hip hop, e de Rihanna, estrela do R&B, que aparece em “Princess of China”, faixa do álbum Mylo Xyloto.
A origem musical deles pode ser humilde e ter se desenvolvido a partir do movimento Britrock dos anos 90, mas o Coldplay tomou o lugar de bandas como Radiohead, e tornou-se um fenômeno da música mundial.
Ainda assim, pergunte para Buckland qual é a melhor banda entre Radiohead e Coldplay e ele é categórico: “Radiohead. Não, sério, são eles. Eles são ótimos”. Isso não é tão surpreendente assim, considerando que, juntamente com o U2 e a banda escocesa Travis, a banda liderada por Thom Yorke tenha sido uma grande influência para o Coldplay na época em Buckland e o vocalista Chris Martin davam início à banda, em Londres, em 1996.
A confiança recentemente adquirida de que ele fala também é oriunda de Mylo, que inclui os singles Every Teardrop is a Waterfall e Paradise, e que é a espinha dorsal da atual turnê por estádios.
“A idéia era fazer o álbum mais visual que a gente já tinha feito, pensar nele visualmente de tal modo que cada música tivesse um lugar específico, quase como num filme. Por isso, é um álbum mais conceitual e todo esse tipo de porcaria”, ele ri.
E, quando chegou a hora de levar Mylo para a estrada, a banda quis fazer o show o mais “interativo” possível. “‘Interativo’ é uma palavra horrível”, diz Buckland, “mas, pensando bem, na hora, parece que você é parte de alguma coisa. Você não está indo só para olhar quatro idiotas em cima do palco, você realmente sente como se estivesse participando de alguma coisa”. [...]
[Os fãs são uma parte fundamental do show. Cada uma das pessoas do público recebe uma pulseira especial de LCD na entrada. As pulseiras têm uma caixa de plástico, que se ilumina durante o show para completar o show de iluminação do show do Coldplay, que atingiu seu estado-da-arte.“A gente conheceu, no ano passado, este inventor que criou essas luzes que todos podem usar”, diz o guitarrista Jonny Buckland. “Isso quer dizer que o jogo de luzes se alastra por toda parte e tudo o que a gente quer é que o show seja o mais envolvente possível”.]
O Coldplay começou a turnê em junho do ano passado e ela não parou desde então, com um fluxo constante de shows ao longo deste ano. “Parece um pouco assustador quando você pensa nisso pela primeira vez”, afirma Buckland. “Mas, quando você começa, a sensação é ótima, porque a gente realmente ama fazer turnê, viajar e tocar – você entende, é uma vida boa”.
No entanto, retroceda até meados da década de 2000, e você verá que nem tudo ia às mil maravilhas como hoje. Como o Coldplay tinha se tornado o novo U2, Chris Martin acabou se tornando o novo Bono – um astro do rock dado a causas corretas e a viver uma vida aparentemente perfeita com uma estrela de cinema como patroa.
Paralelamente, nem tudo estava tão bem para o Coldplay. Embora os educadinhos de Londres não estivessem exatamente atirando instrumentos um na direção do outro dentro do estúdio, eles não estavam se divertindo tanto assim fazendo música.
Após o segundo álbum A Rush of Blood To The Head (2002), e músicas como “In My Place” e “Clocks”, eles eram candidatos para o posto de maior banda do mundo, mas chegada a hora de gravar o sucessor X&Y, eles acabaram se encontrando em um beco sem saída.
“Foi o álbum mais difícil de gravar”, lembra Buckland. “A gente não estava gostando muito de estar no estúdio. A gente estava contente com algumas das músicas que tinham surgido, mas a gente não sabia realmente o que a gente queria ser”.
E X&Y não é páreo para os álbuns anteriores. Ainda assim, com músicas como a empolgante “Speed of Sound” e a terna “Fix You”, eles sobreviveram ao contra-ataque e o álbum chegou a vender mais de 8 milhões de cópias [...].
No entanto, a verdadeira guinada para a banda veio quando eles montaram o próprio estúdio para gravar seguinte álbum Viva La Vida or Death and All His Friends. “A gente não tinha um espaço próprio, desde os tempos em que a gente tocava no meu dormitório, em 1996”, ri Buckland. Isso significava que eles podiam experimentar mais, algo que o Coldplay nunca tinha feito. Acabou que eles eram realmente bons nisso e as músicas contendo várias partes constituintes e o exuberante horizonte sonoro de Viva La Vida revelou um lado muito diferente para a banda. Apesar de ser o álbum menos popular da banda até o momento, é a o mais ambicioso e intrigante.
“A gente reencontrou o nosso amor pela música ao fazer esse disco”, diz Buckland. “A gente ficava simplesmente experimentando coisas, sem se preocupar com o quanto isso ia custar; e a gente estava gostando mais uma vez de estar na banda”.
Martin, igualmente, saiu da escuridão, e nesse período, a sua energia ilimitada, voz cativante, piadas características e jeito particular de tocar fizeram dele um dos melhores líderes de banda. [...]
“Fizemos muita coisa desde então”, pondera Buckland. “Todas as nossas vidas mudaram completamente. Mas a única constante é que temos um ao outro e o nosso relacionamento ainda é o mesmo, sério”.
Buckland e Martin se conheceram e formaram uma banda na University College, em Londres. O baixista Guy Berryman e o baterista Will Champion se juntaram à tripulação um pouco mais tarde e, nos últimos 15 anos, eles cresceram juntos.
“É ótimo porque, quando as coisas estão ruins, tem sempre alguém para te levantar. E, sempre que você fica muito cheio de si, tem alguém para baixar a sua bola. A gente confia muito um no outro”.
A popularidade da banda decolou com “Yellow” e Parachutes foi um álbum encantador e discretamente edificante. “A gente queria fazer, acho eu, música simples”, afirma Buckland. “E com muito espaço e algo como Harvest, do Neil Young, ou algo assim”.
Veio, então, Rush of Blood, o álbum mais popular da banda e, sem dúvida, o seu melhor, entalhando em pedra o som clássico do Coldplay. “A gente estava em turnê e tinha se dado conta que a gente precisa de algumas músicas mais barulhentas”, ri Buckland. “Assim, depois da turnê, parte de A Rush of Blood veio da vontade tocar a guitarra um pouco mais alto e dar umas pancadas mais fortes na bateria”.
E assim eles fizeram, com músicas como “Clocks”, um hino que evolui numa espiral ascendente. Porém, possivelmente, o momento mais memorável do álbum ainda está na balada melancólica “The Scientist”.
Avance para Mylo e, embora eles ainda soarem como Coldplay, Buckland diz que, com o produtor e mestre da música ambiente, Brian Eno a bordo novamente, eles queriam levar a música deles ainda mais adiante. “A gente pensou que tinha conseguido chegar em algum lugar com Viva, mas achamos ‘é bom, mas podemos ir ainda mais adiante’ e, assim, fomos direto para reassumir o trabalho de onde tínhamos parado”.
“A gente realmente gosta de experimentar, passar semanas e semanas tocando música sem a expectativa de finalizar uma canção; apenas ficar tentando novos sons, e ouvir coisas diferentes. Com disso, a gente se sente livre para ir em qualquer lugar que quisermos a partir disso”.
Fonte: Viva Coldplay

Nenhum comentário:

Postar um comentário